Em seus 516
anos, Brasil conhece o regime democrático há pouco tempo
Por Rosângela
Trolles
O
infográfico neste artigo demonstra o pouco tempo em que vivemos sob um regime
de liberdade. Nos 516 anos de Brasil, 64% foram anos de colônia. 13,4% de
Monarquia. 8% de República Oligárquica. 7,6% de Ditadura. E só 2% de República Democrática.
Desses 516 anos, 300 foram anos de escravidão.
Até o ano de
1984 estávamos pedindo Diretas Já e mesmo assim não conseguimos eleger por voto
direto um presidente civil. Entrou na presidência em 1985, uma das maiores
fortunas do Maranhão, José Sarney que tinha uma relação próxima com
latifundiários e que não trouxe propriamente um tempo de liberdade para a sociedade
civil. Foi sucedido por Fernando Collor de Melo.
Em 1980 foi
fundado o Partido dos Trabalhadores que concorreu com um candidato à
presidência da República em 1989. Lula era o líder que perdeu para Collor num
artifício da Rede Globo de televisão ao manipular um debate presidencial.
Collor entrou em 1990, mas em 1992 saía por um impeachment.
Lula porém
continuou seu trabalho político e se tornou o representante de milhões de
brasileiros que não conheciam os privilégios das classes dominantes. Em 2002
era eleito com voto direto sendo o primeiro presidente civil popular no país.
Hoje vemos
que os dois mandatos (Lula se reelegeu em 2006) e o período de sua sucessora
Dilma Rousseff (2010/2014) foram acidentados quanto ao vigorar uma democracia
com um regime que se pretendia social democrata num país de tradição
escravocrata.
Os problemas
com a estatal Petrobras e a emissão de propinas da parte de empreiteiras, além
de irregularidades com imóveis, fizeram Lula cair em desgraça após o golpe de
2016 sendo em 07 de abril de 2018 preso pela polícia federal para doze anos e um
mês de reclusão.
O país
enfrentará mais um ano eleitoral em 2018 e sua frágil ala a esquerda se
encontra em desmonte, com o PT envolvido em casos de corrupção e com seu líder
Lula preso. PC do B e PSOL não conseguem representatividade suficiente para
encabeçar uma eleição.
Outro
partido a esquerda que já foi muito forte com outro líder, o gaúcho Leonel Brizola
com o seu PDT, encontra-se totalmente descaracterizado. Ciro Gomes, um político
experiente que foi prefeito de Fortaleza, governador do Ceará, Ministro da Fazenda
de Itamar Franco, Ministro da Integração Nacional do Brasil no governo Lula de
2003 a 2006 e já concorreu a presidência vem como candidato este ano. Sua
plataforma protege a soberania nacional e não adere ao amplo quadro de
privatizações do modelo neoliberal, mas Ciro Gomes não pode ser visto mais como
um social democrata.
Obviamente o
PT lançará a candidatura de Fernando Haddad como sucessor de Lula. Não
saberemos ainda quem vai canalizar as intenções de voto desta ala a esquerda da
sociedade preocupada com um governo de cunho social.
Estamos
aguardando o desenrolar dos acontecimentos para que nossa frágil democracia de
2% de História do Brasil não caia no esquecimento. Pelo contrário, diante dos
revezes do país, precisamos que ela se fortaleça.
Muito boa análise.
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