Pular para o conteúdo principal

TV Al Jazeera nada tem de terrorista


Por Rosângela Trolles

Gleisi Hoffman (PT/PR), presidente do partido dos trabalhadores, gravou em 17 de abril de 2018 um vídeo para a TV Al Jazeera do Catar que viralizou no WhatsApp. O vídeo causou muita polêmica entre os grupos. Gostaria de destacar exatamente o que disse a senadora.

O objetivo da petista era denunciar que o presidente Lula é um preso político no país. Gleisi fala que “Lula é um grande amigo do mundo árabe e único que visitou o Oriente Médio. Em seu governo o comércio com o Oriente Médio se multiplicou por cinco. Em 2005 foi feita a primeira Conferência da América do Sul e os países árabes”. Gleisi também destaca no vídeo que Lula sempre defendeu a existência do Estado Palestino.

Então vem a argumentação que legitima o vídeo. “Lula foi condenado por juízes parciais num processo ilegal. Não há prova de culpa apenas acusações falsas. A TV Globo que domina a mídia no Brasil faz uma campanha de mentiras contra Lula. A Globo está pressionando o judiciário brasileiro a não conceder a liberdade a Lula apesar de ela estar prevista na Constituição. Isto fere os Direitos Humanos e fere a democracia brasileira”.

Gleisi ainda justifica o pedido de apoio à TV árabe; “o governo golpista [de 2016] está retirando os direitos dos trabalhadores e do povo brasileiro e liquidando com o patrimônio nacional. Nossas grandes reservas de petróleo no Oceano estão sendo entregues a multinacionais, petrolíferas da Europa e também dos EUA, e a política externa passou a ser ditada pelo departamento de Estado americano”.

A petista ressalta; “a maioria [quer Lula] e todas as pesquisas mostram que Lula será eleito o próximo presidente do Brasil. O objetivo da prisão ilegal é não permitir que Lula seja candidato”. E finaliza; “convido a todos e a todas a se juntarem conosco nessa luta. Lula livre”.

A celeuma foi endossada pela senadora Ana Amélia Lemos (PP/RS) e pelo deputado federal Major Olímpio (PSL/SP), correligionário de Jair Bolsonaro. A senadora disse no dia seguinte no Congresso que Gleisi estava provocando a hostilidade. “(...) penso até que dada a gravidade do conteúdo dessa exortação publicada pela TV Al Jazeera, pra convocação ao apoio dos países do mundo árabe, - eu só espero que não tenha sido também um pedido para que o exército islâmico venha ao Brasil para atuar aqui -, que aqui estamos tratando de uma possível incursão na Lei de Segurança Nacional 7170/83 art.8º. Esta lei se refere a entrar em entendimento ou negociação com governo ou grupo estrangeiro ou seus agentes para provocar guerra ou atos de hostilidade quanto ao Brasil. Que se suspeita que possa ter sido o objetivo dessa manifestação (...) com grande repercussão e influência no mundo árabe”.

Já o Major entrou com um pedido de investigação recorrendo a Procuradoria-Geral da República (PGR). Ele protocolou um pedido de investigação contra a presidente do PT com base na Lei de Segurança Nacional.

É preciso dizer para se dissipar o mal entendido levantado pela senadora do PP que a TV Al Jazeera nada tem de hostil ao nosso país nem povos árabes são sinônimo de terrorismo e que a senadora do PT fez um comunicado como já fez para países europeus. Ambos protestos contra a senadora do PT foram equivocados e geraram até muitas piadas nas redes sociais. Além disso, o protocolo na PGR é apenas um procedimento burocrático e não há até o momento investigação relativa a Gleisi Hoffman.

Comentários

Postar um comentário

Artigos mais visitados

Apple adquire empresa israelense de reconhecimento facial

(sem data) RealFace A Apple adquiriu a RealFace, uma startup israelense especializada em tecnologia de reconhecimento facial. O software oferece aos usuários a possibilidade de fazerem login usando biometria inteligente com o intuito de tornar as senhas desnecessárias e redundantes ao acessar dispositivos móveis e PCs. A empresa, sediada em Tel-Aviv, possui representação comercial na China, EUA e na Europa. http://alefnews.com.br/apple-adquire-empresa-israelense-de-reconhecimento-facial/

Eu me importo

Por Rosângela Trolles 25/02/2021 Este é o título do filme que entrou no catálogo da Netflix em 2021. Ele traz um tema inédito à ficção. É sobre duas golpistas que se tornam por meios legais guardiãs de idosos e roubam todos os seus bens. Para quem assistiu à série de 2020; Dirty Money, Na rota do dinheiro sujo, em especial ao episódio Guardians, Inc ou Cuidadores, S.A, já conhece a novidade. O problema aparece com uma denúncia de incapacidade pessoal por parte de algum médico a um guardião. Nos Estados Unidos existe uma cláusula nos estatutos que permite que o Estado tome a frente de cuidar de um idoso, caso seja confirmado que ele não pode mais se manter sozinho e tenha parentes negligentes ou nenhum parente que possa fazer o acompanhamento. Então o caso é levado para um juiz e é nomeado um curatela para acompanhá-lo. No caso da série vemos o quanto esta brecha de legislação é passível de erros para que os golpistas se aproveitem. Na ficção que se intitula comédia mas mais par...