Por Rosângela Trolles
Mangueira foi a campeã do desfile das escolas de samba do
grupo especial. A escola trouxe o espírito crítico para o carnaval com o
carnavalesco Leandro Vieira. ”História pra ninar gente grande”, de Wantuir, foi o enredo da verde e rosa que falou de personagens
da história do Brasil que não entraram para a História oficial nem foram
reconhecidos como protagonistas de transformações sociais e que são heróis
populares.
Muito importante tema num país que está riscando a luta social
de seu debate cotidiano. A escola veio com uma homenagem à vereadora do PSOL
assassinada a cerca de um ano, Marielle Franco, e inclusive pudemos ver um
carro com Hildegard Angel vestida como sua mãe Zuzu Angel que perdeu um filho
para a repressão política num carro alegórico que falava da ditadura assassina.
A agremiação carnavalesca também trouxe uma enorme bandeira brasileira
substituindo o lema Ordem e progresso por Índios, negros e pobres.
No mundo o que chocou a todos foi o carnaval da Bélgica. Lá
o desfile de carnaval fez desfilar um enorme carro alegórico com bonecos gigantes
fazendo uma caricatura de judeus ortodoxos com charutos e ratos. Os bonecos
ainda estavam em cima de grandes sacos de dinheiro. A carruagem era intitulada
como “Ano do shabat”.
Mas em se tratando de atitude polêmica houve a do presidente
Jair Bolsonaro que aderindo ao estilo Trump de governo via twitter, publicou um
vídeo de posturas obscenas de dois homens num bloco de carnaval em São Paulo.
O vídeo provocou discussão dentro e fora do país e uma onda de
deboche pelo presidente ter perguntado com aparente ingenuidade; “o que é o
golden shower?”.
A prática escatológica que envolve um banho de urina se refere
ao que um homem fez na cabeça de um outro num palanque quando ele introduziu
seu dedo no fiofó, virado para o público.
Incentivado por assessores e pelo filho Carlos Bolsonaro, o
presidente destacou a ocorrência no bloco paulistano e provocou rejeição e
adesões de todos os tipos. Uns diziam que o carnaval não vale nada enquanto
outros diziam que o presidente não devia tomar a parte pelo todo e não deveria
publicar o vídeo pornográfico.
Mas de um forma geral o evento do carnaval foi tranquilo e deu
uma pausa ao ano que começou com tragédias por terra, água, fogo e ar.
Ou seja; a tragédia da lama em Brumadinho, a tempestade com
inundações no Rio de Janeiro, o incêndio no Flamengo com a morte de jovens aprendizes
e a queda do helicóptero que transportava o jornalista Ricardo Boechat.
Agora começa o ano com as águas de março que fecham o verão
mais quente dos últimos 76 anos, sob o impacto do El Niño. Vamos torcer para
que o ano dê um refresco. Muita água ainda vai rolar.
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