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Começa o ano de 2019


Por Rosângela Trolles

Mangueira foi a campeã do desfile das escolas de samba do grupo especial. A escola trouxe o espírito crítico para o carnaval com o carnavalesco Leandro Vieira. ”História pra ninar gente grande”, de Wantuir,  foi o enredo da verde e rosa que falou de personagens da história do Brasil que não entraram para a História oficial nem foram reconhecidos como protagonistas de transformações sociais e que são heróis populares.

Muito importante tema num país que está riscando a luta social de seu debate cotidiano. A escola veio com uma homenagem à vereadora do PSOL assassinada a cerca de um ano, Marielle Franco, e inclusive pudemos ver um carro com Hildegard Angel vestida como sua mãe Zuzu Angel que perdeu um filho para a repressão política num carro alegórico que falava da ditadura assassina.

A agremiação carnavalesca também trouxe uma enorme bandeira brasileira substituindo o lema Ordem e progresso por Índios, negros e pobres.

No mundo o que chocou a todos foi o carnaval da Bélgica. Lá o desfile de carnaval fez desfilar um enorme carro alegórico com bonecos gigantes fazendo uma caricatura de judeus ortodoxos com charutos e ratos. Os bonecos ainda estavam em cima de grandes sacos de dinheiro. A carruagem era intitulada como “Ano do shabat”.

Mas em se tratando de atitude polêmica houve a do presidente Jair Bolsonaro que aderindo ao estilo Trump de governo via twitter, publicou um vídeo de posturas obscenas de dois homens num bloco de carnaval em São Paulo.

O vídeo provocou discussão dentro e fora do país e uma onda de deboche pelo presidente ter perguntado com aparente ingenuidade; “o que é o golden shower?”.

A prática escatológica que envolve um banho de urina se refere ao que um homem fez na cabeça de um outro num palanque quando ele introduziu seu dedo no fiofó, virado para o público.

Incentivado por assessores e pelo filho Carlos Bolsonaro, o presidente destacou a ocorrência no bloco paulistano e provocou rejeição e adesões de todos os tipos. Uns diziam que o carnaval não vale nada enquanto outros diziam que o presidente não devia tomar a parte pelo todo e não deveria publicar o vídeo pornográfico.

Mas de um forma geral o evento do carnaval foi tranquilo e deu uma pausa ao ano que começou com tragédias por terra, água, fogo e ar.

Ou seja; a tragédia da lama em Brumadinho, a tempestade com inundações no Rio de Janeiro, o incêndio no Flamengo com a morte de jovens aprendizes e a queda do helicóptero que transportava o jornalista Ricardo Boechat.

Agora começa o ano com as águas de março que fecham o verão mais quente dos últimos 76 anos, sob o impacto do El Niño. Vamos torcer para que o ano dê um refresco. Muita água ainda vai rolar.

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