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Três dias em Israel


Rosângela Trolles com O Globo

O presidente Jair Bolsonaro iniciou no domingo 31 de março uma visita a Israel e se reunirá com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Lula foi ao país em 2010 mas visitou também cidades palestinas, coisa que o atual presidente se recusou a fazer mesmo sendo convidado pela autoridade Mahmoud Abbas.

Bolsonaro também mudou a posição do país em relação ao Oriente Médio se negando a condenar os israelenses por políticas em relação aos palestinos e aos territórios ocupados em resoluções apresentadas no Conselho de Direitos Humanos da ONU.

Já a transferência da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, antes dada como certa, hoje é um assunto que está em estudo.  O presidente disse que poderia abrir um escritório de negócios em Jerusalém ao invés de mudar a embaixada. Isto, porém, incomoda a comunidade árabe, que lidera a lista de compradores de carnes no Brasil.

O embaixador da Palestina em Brasília, Ibrahim Azelben, desejou ao presidente uma boa viagem mas disse que seu povo ama o Brasil e está aguardando justiça há 71 anos.

Em sua visita, Bolsonaro visita a cidade velha de Jerusalém, o Museu do Holocausto, o Muro das Lamentações e vai condecorar os bombeiros israelenses que ajudaram a resgatar vítimas em Brumadinho (MG/BR).

Bolsonaro irá assinar acordos de cooperação em defesa, segurança pública, ciência e tecnologia, agricultura e piscicultura. Viajaram com ele o chanceler Ernesto Araújo, os ministros Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Fernando Azevedo e Silva (Defesa), Bento de Albuquerque (Minas e Energia) e o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo. Uma informação extraoficial revela que o pastor Silas Malafaia, que viajou a Israel por conta própria, acompanharia Bolsonaro em alguns eventos. O filho do presidente, senador Flávio Bolsonaro, também está presente no grupo representando a “bancada da segurança pública”.

Depois de dez anos no poder, o premier de Israel Benjamin Netanyahu, luta pela sobrevivência política. Ele está pressionado por denúncias de corrupção e por pesquisas eleitorais que apontam o risco de ser derrotado na eleição do dia 09/04. Seu interesse imediato é usar Bolsonaro como peça de propaganda.

A presença do líder de um grande país como o Brasil se ajusta a uma das narrativas preferidas de Netanyahu, a de que sob seu comando Israel cresceu de estatura nas relações internacionais.

Bibi, como é conhecido, tem muito o que se identificar com o brasileiro. Como vive em guerra com a imprensa, prefere se comunicar pelas redes sociais.

A calorosa aproximação de Bibi com Bolsonaro ampliou a visibilidade do Brasil na mídia israelense, com destaque para a ida do premier à posse do presidente. Gesto raro de Netanyahu, que não compareceu nem à posse de seu maior aliado, o presidente americano Donald Trump.
 

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